"A punição da perda"
Esta começa no mesmo momento em que a alma é separada
do corpo; naquele instante, a alma perde todos os prazeres, o desfrute destes
depende de nossos sentidos exteriores. O cheiro, o gosto, o toque, não deleitam
mais: Os órgãos que ministravam para eles estão destruídos, e os objetos,
usados para gratificá-los, foram removidos para longe. Nas regiões sombrias da
morte, todas essas coisas são esquecidas; ou, se lembradas, são apenas
lembradas com dor; vendo-se que elas se foram para sempre. Não existe grandeza
nas regiões infernais; não existe coisa alguma bela, naquelas residências
obscuras; nenhuma luz, a não ser das chamas vivas. E nada novo, a não ser uma
cena invariável de horror sobre horror! Não existe música, a não ser dos
gemidos e berros; dos choros, lamúrias, e ranger de dentes; das pragas e
blasfêmias contra Deus, ou reprovações mordazes uns aos outros. Nem existe
alguma coisa para gratificar o sentido de honra: Não; eles são os herdeiros da
chama e do desprezo eterno.
Assim, eles estão totalmente separados
de todas as coisas que eles encontraram neste presente mundo. No mesmo
instante, começará uma outra perda, -- de todas as pessoas a quem eles amaram.
Eles são arrancados de seus parentes mais próximos e queridos; suas esposas,
maridos, pais, filhos; e (o que alguns consideram seja pior do que tudo isto)
os amigos que eram com sua própria alma. Todo o prazer que eles desfrutaram uma
vez, nestes está perdido, se foi, desapareceu: Porque não existe amizade no
inferno. Até mesmo o poeta que afirma (embora eu não saiba, com que
autoridade):
Demônio
com demônio condenado,
Firme
acordo mantém.
Isto
não afirma que existe algum acordo entre os amigos humanos que habitam o grande
abismo.
Mas eles estarão, então, conscientes
de uma perda maior do que todas que eles desfrutaram sobre a terra. Eles
perderão seu lugar no seio de Abraão, no paraíso de Deus. Até aqui, de fato,
não havia entrado em seus corações conceberem o que as almas santas desfrutam
no jardim de Deus, na sociedade dos anjos, e dos mais sábios e melhores homens
que viveram desde o começo de mundo (para não mencionar o imenso crescimento do
conhecimento que eles indubitavelmente receberão, então); mas eles entenderão
completamente o valor do que eles vilmente jogaram fora.
Mas, tão felizes quanto as almas no
paraíso, eles se preparam para uma felicidade muito maior. Porque o paraíso é
apenas o pórtico do céu; e é lá que os espíritos dos homens justos são feitos
perfeitos. É no céu apenas que existe a completa alegria; o prazer que está à
direita de Deus, para sempre. A perda disto por aqueles espíritos infelizes
será a inteireza de sua miséria. Eles reconhecerão e sentirão que apenas Deus é
o centro de todos os espíritos criados; e, conseqüentemente, que um espírito
feito por Deus não pode ter descanso fora dele. Parece que o Apóstolo tem isto
em vista, quando ele falou daqueles "que
deverão ser punidos com a destruição eterna da presença do Senhor".
Banimento da presença do Senhor é a mesma essência da destruição, para um
espírito que foi feito por Deus. E se este banimento durar para sempre, é a "destruição eterna".
Tal
é a perda sofrida por aquelas criaturas miseráveis, sobre os quais aquela
sentença terrível será proferida: "Afastem-se
de mim, vocês, malditos!". Que maldição inexprimível, se não houvesse
outra! Mas! Ai de mim! Isto está longe de ser o todo. Porque à punição da
perda, será acrescentada a punição do sentido. O que eles perderam implica
miséria inexplicável, que ainda assim, é inferior ao que eles sentem. Isto é o
que nosso Senhor expressa naquelas enfáticas palavras: "Onde seu verme nunca morre, e o fogo nunca se extingue".
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